terça-feira, 2 de junho de 2020
gesamt
lá fora o grande mundo, das árvores gigantes, dos viadutos e das nuvens aqui dentro, o pequeno mundo, dos pequenos poros, das espinhas, estrias e pelos na verdade, nada importa tanto é tudo só uma maquete feita por um arquiteto amador o godzila atravessa a cidade em três passos tá sentindo os poros se abrindo? a horizontalidade se perde escolhemos nossos monstros-companhia e o mapa-mundi é uma grande distorção da realidade o que nos afasta é também o que nos une: uma canção murmurada e o tom do azul no céu às 05:30, dá pra ver daí? dizem que é quando os fantasmas aparecem a pressão do ar, o cheiro da primeira fornada da padaria e as tatuagens novas forças desconhecidas e objetos misteriosos li que toda história de amor é uma história de fantasma e se recordássemos do que nos contam talvez tivéssemos um melhor entendimento sobre porque matamos e sobre porque amamos mas minha memória é ruim e minha cabeça dói ainda assim, na tela preta antes do filme começar, a luz apagada é meditação e tudo fica menos severo por um instante um risco, um vinco, um morango ou uma laranja pequena, junto com a consciência profissional, nos salvarão de todos os fantasmas, pelo menos dos fantasmas em miniatura e nesse mundo que engole as pessoas, as vidas imaginárias são as vidas possíveis.
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