segunda-feira, 18 de abril de 2011

A melhor história pode não ser nossa

A primeira coisa que ele fazia quando chegava em casa era cozinhar um milho, fechar as cortinas e comer no escuro. Gostava quando seu telefone tocava e espera alguns toques antes de atender. Precisava tomar um banho antes de dormir. Tinha guardado uma coleção de moedas antigas que ficava em uma caixa com os sapatos. Gostava mais da mãe do que do pai, mais de doce do que sal, mais de sorte do que Deus.
Quinta feira saiu do prédio e viu uma confusão na esquina. Quando chegou havia uma senhora desesperada, fazendo perguntas que ele não conseguia escutar para um médico. Aproximou-se da porta do hospital e escutou a palavra “filho” em meio aos gritos da mulher. Sentiu um desespero momentâneo, a emoção da senhora passou para ele por alguns segundos. Como se aquela mulher o chacoalhasse e lhe desse um leve choque. Foi um momento fora da sua vida, como se pudesse viver a vida de outro, mas só um sentimento, sem associações, sem contexto, só um sentimento, puro e simples. E de outro.
Ele foi comprar a peça da pia, que novamente tinha quebrado, na loja de ferragens na esquina, carregando aquele sentimento até onde pôde lembrar-se dele.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Até lá

Quando vejo você
despertar no ar
o seu vôo você
faz do quarto o meu quintal

e me chama pra dançar
venha logo, venha
transformar minha casa no seu lar

Vamos pintar a estrada
transbordar as cores
da flor de lírio, Lara

Vem me buscar, Lara
eu espero o sol baixar
Vem me buscar, Lara

Vamos voar sobre a tela
Até lá, onde toco o céu
e mal vejo o chão
Até lá, a tela

De autoria conjunta de Rafael Spínola e Lucas Gralato

A música em mp3:
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terça-feira, 5 de abril de 2011

Fé na corda bamba

Os dedos na ponta de cada pé
Permitem que meu passo saia reto
Equilibrando-me no corpo ereto
Mas os dedos não me resguardam da frustração
E o que empurra o corpo (não fisicamente, mas do lado de dentro)
Ignora aqueles dedos, fazendo-me curvar, perco o centro.

A minha ventura é falha,
Mas brindemos a ela para encorajar:
Boa fortuna à minha ventura,
Que a cura da sorte é andar.


De autoria conjunta de Arthur Rivelo e Rafael Spínola