segunda-feira, 14 de março de 2011

Desamparo

Em qual parede de certeza vou me apoiar
para juntar os passos e sair na rua
se até para sair é preciso estar dentro?

A casa foi vendida
No chão não há mais o carpete
Os quadros não estão mais nas paredes
E a sala não grita mais: verde!

A cena turva fica sem foco
Os abraços não comportam
O choro é seco, não agüenta
E a porta não grita mais: entra!

Falta uma cadeira enorme, uma cama velha no jirau, uma janela cheia de árvores, um ou outro vaga-lume, um relógio que toca música meio-dia, cartas, um cozido pronto em cima da mesa com os primos em volta,
um sofá e uma avó.

3 comentários:

  1. Nossa,
    fui lendo e lembrando exatamente de como era a casa dos meus avós. Recentemente passei em frente e tinha outras pessoas, outras cores e outra decoração...
    e acho que foi mais ou menos isso que eu senti.

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  2. Nossa, Rafa, que lindo... Foi tão boa e gostosa a sensação de ir lendo esse poema, mesmo o sentimento dela sendo, assim, triste... Eu senti uma nostalgia tão intensa!

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  3. -Fico feliz que você se identificou com o texto fer, o sentimento é mais ou menos o mesmo, sim!

    -Muito obrigado, Rafa. Existe o sentimento triste, mas também há nele a superação.

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