quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
cabra cego e covarde
to alí no meio meio velho para isso mas vou de qualquer jeito colocam uma venda nos meus olhos e pareço sereno começam a girar-me o centro e meu corpo entra em descompasso três homens me fazem dar voltas ao redor de mim, e apesar do desespero de meus pés e braços, meu rosto continua sereno até que param e a tontura já embrulha a cabeça como um turbante que não para de se mover tenho um cajado na mão e preciso encontrar o burro e acertar seu corpo para que os doces caiam e as crianças corram para pegar no meio da roda já posso começar, mas agora é possível reparar que minha serenidade me abandonou há preocupações em minhas rugas e não consigo dar o passo é quando uma moça se destaca na multidão e grita vem! meus ouvidos olham para ela e os gritos repetidos da moça me abalam vem! vem! vem! é hora, pés, hora de confiar
mas não consigo
volto a girar
sábado, 4 de janeiro de 2014
uma declaração de amor
os dois caminham na orla sentem frio mas os raios esquentam o tornozelo do tio ele leva a cadeira dela se cansou? ela se apoia no corrimão não, amor, estou bem ela sente a perna desde o acidente com a arma do soldado vai com dificuldade os dois continuam andando o vento deu uma apertada até que ela se cansa espera um pouco? ele olha para ela claro e vira-se pra praia havia quarenta anos tinha chegado com o sax em san sebastián e nunca mais voltou vamos? ela respira e sussurra calma ele olha para ela to calmo e olha pro centro lembra-se já toquei aqui com os meninos ela olha para ele ela sabe que já e sabe da história da águia, mas o deixa contar mais uma vez e voltam a caminhar no passo lento que só quem sabe que tem o que quer consegue andar.
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