terça-feira, 24 de junho de 2014
você pode me chamar do que quiser
o nome dela para todos era lucia mccartney; sempre fora fã dos beatles. o dele era júnior; não queria ser chamado pelo nome do pai. já era o terceiro programa dela na noite e ela queria ir para casa, mas o cheiro dele a enterneceu, parecia inocente. lucia quis saber o nome dele e ele, sem deixar abertura mas sem ser grosso, repetiu: junior. ela entendeu e deixou pra lá. pensou que ele não devia gostar do nome e everaldo surgiu em sua cabeça. ele tomou e ofereceu um ácido. ela aceitou e os dois treparam. os corpos encaixaram como se fossem feitos a partir de um mesmo molde e no meio ele disse que queria crescer. ela não entendeu bem o que isso significava, se era alguma expressão sexual, mas gostou e imaginou os dois bem velhos deitados na cama para dormir as 20 horas; avisou que ia gozar. sentindo os efeitos do ácido e do whisky que bebera enquanto a esperava, ele concentrou-se e gozou ao mesmo tempo que ela. caiu em cima de seu corpo e, ofegante, disse “to morto”. e ela imaginou os dois mortos, dividindo um caixão. pensou consigo que se dissesse isso para ele, ele acharia mórbido, mas para ela, era só bonito. ele se levantou, se lavou, botou a roupa e deixou o dinheiro na bolsa dela. gostou de ver um livro do rubem fonseca lá dentro e decidiu perguntar o nome verdadeiro dela. “o que você quiser”. ele sorriu e foi embora. ela pegou o dinheiro, ligou para ana, uma amiga, e foi para a boate zum zum.
int. boate - noite
som de música eletrônica alta. a voz canta “i hope you die by my side”. debaixo das luzes coloridas, LUCIA dança de olhos fechados e sorrindo.
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