ela subiu na pedra mais alta e se preparou para o salto, mas na hora de pular, travou. pelo formato da pedra não dá pra ver a água lá embaixo. para chegar na pequena piscina natural, é preciso confiar que ela existe. mas suas pernas começaram a tremer e ela encarou o joelho cambaleante. observou por um minuto inteiro as rótulas numa dança estranha e frenética. pensou nas emoções que sentimos com o corpo. e resolver fazer uma lista delas: nó na garganta, arrepio na espinha, dor de cotovelo, cabelo em pé, peito vazio, peso nas costas, saco cheio, cu na mão, coração na boca... frio na barriga. lembrou que numa das poucas aulas de alemão que fez, aprendeu que bauchgefühl, que, palavra por palavra, significa sentimento de barriga, é a expressão dos alemães para intuição. fechou o olho, respirou e, quando acabou a lista, pulou. pulou um mergulho-coragem, como fazem aqueles homens mergulhadores de acapulco. ela não estava em acapulco, mas é como se estivesse.
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